Quem chega no estúdio iTattooClub vai encontrar o proprietário Daniel Couto Tavares, de 40 anos, cheio de tatuagens, com um papo cabeça e um estilo de se vestir moderno, não imagina que até algum tempo atrás ele mantinha uma rotina totalmente diferente: acordar cedo, vestir terno e gravata e sair de sua casa para trabalhar em um banco onde atuava como analista financeiro.
A história de Daniel mostra que no mercado profissional, principalmente em momentos de crise, não ter medo de se atualizar e reinventar diante de um mercado competitivo, são as maneiras de conquistar patamares ainda maiores. “No fim de 2007, eu trabalhava no banco e resolvi ser sócio do meu pai na marca de skatewear Vitamina Skateboard”, conta o empresário.
Assim como Daniel, grande parte dos profissionais atuais não pensa mais em ter um emprego nos moldes antigos. Pelo menos foi o que revelou a consultoria em recursos humanos ManPower este ano, por meio do estudo Carreiras da Geração Milênio: Visão de 2020. Mais da metade dos profissionais da Geração Milênio romperiam com as formas “tradicionais” de trabalho e cerca de 34% estão abertos a se tornarem autônomos nos próximos anos.
Apesar de ter conquistado espaço e sucesso, o caminho foi cheio de altos e baixos para Daniel. Em 2009, a marca de roupas estava começando a ser mais conhecida, mas o INPI indeferiu a marca. “Tivemos que alterar o nome para Vitaboard. Uma mudança dessas causa impactos”. Um ano depois, ele e o pai abriram uma loja física no Tatuapé, com a Vitaboard sendo a principal marca nas vendas. Ao tentar abrir uma unidade em um shopping, no entanto, os dois perderam quase todo o dinheiro que tinham ganho. Tudo isso em apenas seis meses.
Estar atento a novas oportunidades, no entanto, fez de Daniel um cara persistente. Em 2011, usou as milhas do cartão de crédito para ir aos Estados Unidos e comprar produtos. Conheceu uma marca grande, com desenhos de tatuadores famosos. Aí surgiu o interesse pelo mundo da tatuagem. “Um ano e meio depois, mais ou menos, expus os produtos que vendia em um evento de tatuagem. As vendas foram ótimas e me tornei representante exclusivo da marca, montei uma importadora e passei a comercializar as roupas deles no Brasil”, conta.
Até aí, Daniel mantinha seu emprego no banco. Em 2014, depois de ter aberto uma loja na Galeria do Rock, pediu as contas e passou a se concentrar somente nas vendas. “Cerca de um ano depois, já tinha feito mais de 200 eventos de tatuagem, como expositor, e conheci muitos tatuadores”, explica.
Com a disparada do dólar, em meados de 2015, Daniel sofreu mais um baque e acabou quebrando novamente. “Tive que fechar a loja na Galeria e criei uma nova marca, a Krime Clothing, para vender o estoque parado ao varejo e as outras marcas nacionais já existentes para pagar as dívidas”, ao ver que o mercado não estava decolando, investiu na criação de um estúdio de tatuagem sem profissionais fixos.
“A minha ideia sempre foi trazer artistas de ponta, que conheci em todas as minhas viagens, para tatuar em São Paulo. Reformei o meu escritório, montei toda a estrutura no local e inaugurei em 2017”. No primeiro mês tivemos apenas uma tatuagem, três meses depois o estúdio já estava se mantendo. “A evolução mês a mês foi incrível, a clientela só passou a aumentar desde então”, conta.
Apesar da pandemia do novo coronavírus, que interrompeu o atendimento no estúdio, Daniel acredita que dará novamente a volta por cima. “O mais importante é não desistir. Ter um sonho, almejar objetivos e lutar por isso!”, conclui.
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